Equilíbrio, na prática, soa a mais uma daquelas promessas que vemos nas redes sociais: imagens de pessoas sorridentes, de yoga na praia ao pôr do sol, uma salada colorida numa mão e uma taça de vinho na outra. Tudo é perfeito, tudo parece fácil. Mas depois, cá estamos nós, comuns mortais, a tentar equilibrar tudo — trabalho, família, amigos, treino, nutrição, descanso, diversão — e a única coisa que conseguimos equilibrar de facto é a ansiedade crescente.
Procurar o equilíbrio pode, ironicamente, ser a coisa mais desequilibrante que fazemos. Porque no processo de tentar encaixar cada peça no puzzle da "vida perfeita", esquecemos que a vida não é um puzzle. É mais como um jogo de Tetris descontrolado, onde as peças caem demasiado rápido e estamos sempre a um movimento de gritar: "Já chega, não dá para pausar?"
O Que Importa Mesmo?
O verdadeiro problema não é falhar no equilíbrio, mas não definir o que realmente importa. Sem prioridades claras, tudo parece igualmente urgente — ou igualmente dispensável. E é aí que o conforto nos apanha. Se não sabemos onde queremos chegar, é fácil fugirmos para o que é mais fácil ou imediato: saltar um treino porque "não faz mal", ignorar um desafio porque "amanhã começo". No final, ignoramos sistematicamente o que nos faz crescer e ficamos presos num ciclo frustrante de promessas adiadas.
Definir prioridades não é uma questão de ser rígido ou perfeito; é sobre dar direção à vida. É aceitar que não dá para fazer tudo ao mesmo tempo, mas que podemos fazer as coisas certas no momento certo. Às vezes, isso significa sair da zona de conforto, mesmo que doa. Porque é exatamente aí, nesse desconforto, que está o crescimento.
Afinal, equilíbrio não é sobre estar sempre estável. É sobre saber para onde estás a ir e aceitar que, para lá chegar, vais ter de balançar um bocadinho. E isso, no fundo, não é tão mau assim.
Rita Gomes
Personal Trainer BMS