Exossomas: a nova fronteira entre exercício físico e saúde mental

Exossomas: a nova fronteira entre exercício físico e saúde mental

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Mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com transtornos como depressão e ansiedade. Apesar de existirem vários tratamentos, nem sempre os resultados são satisfatórios. Por isso, a ciência continua a procurar novas formas de cuidar da saúde mental. Uma das descobertas mais promissoras dos últimos anos envolve algo que o corpo produz naturalmente durante o exercício físico: os exossomas.

Afinal, o que são exossomas?

Podes imaginá-los como pequenas “bolhas mensageiras” microscópicas. Estas vesículas carregam substâncias importantes, como proteínas e microRNAs, e têm uma capacidade incrível: conseguem atravessar a barreira que separa o sangue do cérebro. Assim, funcionam como recados químicos enviados pelo corpo a dizer ao cérebro: “Está na hora de melhorar o teu humor e o teu desempenho.”

O impacto no cérebro e no humor

Durante o exercício aeróbico, a libertação de exossomas desencadeia uma série de efeitos poderosos:

  • Aumentam o BDNF, um fator de crescimento fundamental para a plasticidade cerebral.
  • Reduzem inflamações frequentemente associadas à depressão.
  • Estimulam a produção de novos neurónios, promovendo um cérebro mais saudável e adaptável.
  • Funcionam como biomarcadores, ajudando no diagnóstico e no acompanhamento da depressão.

Mas os benefícios não ficam por aqui. Os exossomas também parecem desempenhar um papel protetor contra doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, abrindo novas possibilidades para a prevenção e o tratamento destas condições.

Muito além das endorfinas

Durante anos, foi comum resumir os benefícios mentais do exercício à famosa frase: “É pelas endorfinas.”
A verdade é que o exercício físico desencadeia mecanismos muito mais complexos e abrangentes:

  • Ativação do sistema endocanabinoide.
  • Aumento de neurotrofinas que fortalecem o cérebro.
  • E agora, como mostra este estudo recente, a ação dos exossomas, que começam a revolucionar a forma como entendemos a ligação entre movimento e saúde mental.

O que reserva o futuro?

Os cientistas já estão a investigar formas de utilizar os exossomas como tratamento isolado ou até desenvolver “exossomas artificiais” que consigam replicar os efeitos do exercício físico. Embora ainda estejamos longe de ver esta tecnologia aplicada na prática clínica, a mensagem da ciência é clara: mexer o corpo é uma das formas mais eficazes de cuidar do cérebro.

Em resumo

O treino físico não é apenas uma questão de estética ou de desempenho desportivo. É também uma ferramenta poderosa para a saúde mental, capaz de transformar a forma como pensamos, sentimos e vivemos.

Mover o corpo é, cada vez mais, um investimento direto no cérebro.

 


Wang, J., Fan, S., & Wang, J. (2025). Exercise and its beneficial impacts on mood disorders and neurodegeneration: a novel mechanistic perspective of the exosomes involvement. 
Molecular and Cellular Biochemistry. https://doi.org/10.1007/s11010-025-05357-1