Documentar um treino devia ser crime?

Documentar um treino devia ser crime?

A cultura do cancelamento tem cada vez mais adeptos, talvez por dar uma sensação de superioridade, e a corrente de tirar fotos no ginásio ou documentar um treino são alvo.

Na minha cabeça traduz-se numa tendência de gastarmos energia com o que não traz vantagem e em falta de clareza sobre o que realmente importa – Portugal é o país da união europeia com maiores taxas de sedentarismo. Sabendo de tudo o que este dado aporta, negligenciar completamente a prática de exercício físico deveria ser a preocupação.

O ego e a aparência são a fruta do dia nas redes sociais. Vidas perfeitas também. Com estas cartas na mesa, cabe a cada um de nós a responsabilidade de separar o que vemos da realidade – felizmente ainda temos livre arbítrio de filtrarmos aquilo que vemos (ou queremos ver). Quando alguém é criticado por se expor, o foco está, ironicamente, mais na ideia do “supérfluo” do que na substância – motivar os outros a treinar.

No outro dia falava com uma amiga (que também atua na área do exercício) da onda de ridicularizarem licenciados que fazem danças no tiktok - sendo que ela se encaixava perfeitamente no descrito -, ao que me responde: “Eu estou a chegar às pessoas; estou a conseguir mudar vidas. É tudo o que importa”.

Estamos tão absorvidos em julgar superficialmente as aparências que negligenciamos o impacto genuíno que essas ações podem ter na vida das pessoas e desviamos a atenção do problema real – o sedentarismo.

O fisioterapeuta Eduardo Merino esteve no “The BMS Podcast” e enfatizou a ideia de que “não compensam atitudes emocionais que não tragam vantagem”. Talvez devêssemos repensar sobre isto.

Rita Gomes

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