O jejum intermitente ganhou extrema relevância nos últimos anos, tanto entre pessoas que testaram e “descobriram” o Santo Graal das dietas, como por nutricionistas e outros profissionais ligados à ciência do emagrecimento.
Mas, o que nos diz a ciência?
A ciência é bastante pragmática e mostrou-nos que nem sempre o jejum levou a uma perda de peso, tendo até aumentado num dos casos estudados. Na maioria dos casos e dos estudos, ficou imperceptível se os resultados positivos se deveram ao jejum ou apenas ao défice energético induzido. O que é importante reter, e o que a ciência reforça é que o jejum intermitente resulta da mesma forma que o défice energético (gasto energético superior ao total de energia consumida), quando o objetivo é perder peso.
O jejum intermitente resulta ou não?
Sem dúvida que o jejum intermitente poderá resultar se o resultado for o défice energético, conduzindo ao emagrecimento. Algo que devemos ter em conta ao optar por uma estratégia tão “severa” como a de estreitar a janela onde ingerimos alimentos, é também a parte social. E não nos podemos esquecer que a alimentação é muito mais do que calorias e macronutrientes, mas sim convívio familiar, social e prazer.
Se para alguém, fazer o jejum intermitente for algo que não exige qualquer sacrifício, ou até se enquadra no seu horário de trabalho, e isso levar ao défice energético, o jejum intermitente será sem dúvida uma opção bastante válida. No entanto, se para outra pessoa isso significar ter de fazer um grande sacrifício, esta opção deverá ser descartada, pois tal como a ciência relata, o jejum intermitente resulta da mesma forma que o défice energético, quando falamos em emagrecimento.
Em suma, devemos olhar para o jejum intermitente, como uma opção para o emagrecimento, mas não como a cura para todas as doenças e o ‘Santo Graal’ das dietas. Ainda mais importante, há que ter cuidado e saber filtrar o que lemos e ouvimos na internet, tanto em sites, blogues ou redes sociais, pois muitos profissionais tentam vender as suas ideias e defendê-las até ao fim, deixando de lado a ciência.
Rui Jorge Lopes
Patterson RE, Sears DD. Metabolic Effects of Intermittent Fasting. Annu Rev Nutr. 2017;37:371–93. Liu K, Liu B, Heilbronn LK.
Intermittent fasting: What questions should we be asking? Physiol Behav [Internet]. 2020;218(December 2019): 112827. Available from: https://doi.org/10.1016/j.physbeh.2020.112827